O tempo das coisas
Eu treino jiu jitsu desde 2016. E uma das coisas que o jiu jitsu mais me ensina é que cada coisa tem seu tempo e não existe um atalho fácil e simples. Então você deve cultivar sua paciência e acolher o seu tempo de aprendizado e desenvolvimento.
Pra quem nunca treinou jiu jitsu existem dois posicionamentos que acontecem: estar por cima ou estar por baixo. E eu por ser a mais miúda de todos meus colegas, geralmente, me encontrava por baixo. No começo, obviamente, eu não sabia o que fazer dali, ficava sendo esmagada, mas conforme o tempo foi passando eu passei a sentir um certo conforto por estar ali, o conforto veio exatamente, porque eu passei a entender as maneiras que eu deveria me posicionar pra estar no desconforto, com conforto.
A próxima etapa da caminhada foi entender e por em prática o desconforto a quem estava tentando passar minha guarda. Apesar de estar por baixo, eu entendi que poderia dominar a situação. E isso eu já estava na metade da azul (mais de 1 ano e meio treinando). Lembro que na época meus colegas já achavam minha guarda “chata”. Quando você joga fazendo guarda você tem, basicamente, duas opções: raspar ou finalizar. Eu era péssima de raspar. A raspagem não entrava na minha cabeça e foi só depois de um tempo na faixa roxa (quase 4 anos treinando) que eu comecei a entender a dinâmica necessária. Meu objetivo principal, então era não deixar a pessoa passar minha guarda e na tentativa de raspar, eu ia pra as costas ou encontrava alguma finalização.
Foram muitos anos desenvolvendo minha guarda, eu só não fazia guarda quando estava com alguma limitação, devido a algum tipo de machucado ou lesão. Foram muitos anos analisando, estudando e buscando encontrar diversos caminhos que me levassem aonde eu queria ir na luta. E ainda assim às vezes encontro alguém que bloqueia o que eu poderia fazer, e não estou nem dizendo que esse alguém seja um faixa preta, pois ter o jogo bloqueado por um faixa preta é a coisa a se esperar. Entretanto, quando um faixa azul, por exemplo, consegue bloquear seu jogo (que tem sido estudado e desenvolvido por mais de 9 anos) você percebe que ainda tem muito o que aprender.
Esse é um dos motivos de eu gostar tanto do jiu jitsu. O aprendizado que você obtém é contínuo e as limitações que você têm não tiram isso. Meu corpo de hoje já mostra sinais de que talvez novos caminhos devam ser trilhados, melhores posicionamentos pra seguir treinando e tá tudo bem, a adaptação também é recorrente ao longo dessa jornada. O que eu percebo é que, mais uma vez, não existem atalhos e eu vou descobrir o caminho ao caminhar.